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domingo, 13 de março de 2016

União e força na floresta



Líder comunitária ajuda a melhorar a vida de ribeirinhos do Amazonas

  • Manaus
Bianca Paiva - Correspondente da Agência Brasil


 A líder comunitária Maria da Graças criou, em 2013, a Associação Mulheres Guerreiras da AmazôniaArquivo pessoal


Há nove anos, a líder comunitária Maria das Graças Oliveira de Lima, de 49 anos, dedica sua vida aos moradores de Boa Vista de Janauacá, no município de Careiro Castanho, no Amazonas. Depois de 11 anos vivendo em Manaus, ela decidiu voltar para a cidade natal após enfrentar problemas financeiros e uma decepção amorosa. Pretendia ficar pouco tempo, mas, ao deparar com a realidade local, ficou comovida e percebeu que poderia ajudar os ribeirinhos.

“Eu percebi que a comunidade estava carente, precisando de alguém para dar mais vida e ânimo para aquelas pessoas. Não tinha água potável, um centro comunitário, a maioria vivia da agricultura. Percebi que faltava algo ali para melhorar a vida daquelas pessoas”, contou.

Foi então que Maria das Graças decidiu participar da eleição para líder comunitário e foi escolhida. A primeira providência junto à prefeitura de Careiro Castanho foi a construção de um poço artesiano para levar água potável aos moradores. Ela também foi atrás de cursos profissionalizantes e conseguiu implantar na comunidade um laboratório de informática com dez computadores. Para aumentar a renda dos agricultores, a líder comunitária buscou o Banco da Amazônia e garantiu acesso a financiamentos. Mas ela também enxergou outro potencial durante reuniões com a comunidade: as mulheres também precisavam de um novo estímulo.

“Eu comecei a ver que nas reuniões com a comunidades, a maioria das pessoas que participavam era mulher. Aí eu resolvi formar um clube de mães, mas eu não tive apoio, faltava parcerias, e não foi para frente. Então veio a ideia de ir à floresta, trabalhar com o material colhido na floresta e ainda contribuir com o meio ambiente”, disse.

A partir dessa ideia, Maria das Graças criou, em 2013, a Associação Mulheres Guerreiras da Amazônia. Com a ajuda de voluntários e de um professor, ela treinou as mulheres da comunidade para a confecção de artesanato a partir do material colhido na floresta. “São aqueles materiais que caem das árvores, aquelas cascas, aqui chamamos de capemba do açaí, da bacaba, do buriti, são cascas que dão lindos vasos, uma obra de arte mesmo.” Elas produzem vasos e enfeites, além de bijuterias, que são vendidos em feiras na região. A iniciativa mudou a vida das 17 mulheres que atualmente fazem parte da associação.

“Elas ficaram mais unidas, ficaram mais pra cima, aumentou a autoestima, nenhuma reclama mais de dor, tensão, estresse. É uma terapia. Você conversa, brinca, trabalha, mas também se diverte”, afirmou.

Mas a líder comunitária ainda não estava satisfeita. Ela inscreveu o projeto em um prêmio da empresa do ramo de cosméticos Natura. O Mulheres Guerreiras da Amazônia foi contemplado e rendeu R$ 15 mil que estão sendo investidos na associação.

Maria das Graças tem consciência da transformação que promoveu na comunidade Boa Vista de Janauacá. Mas ela também sabe que a principal mudança foi dentro dela mesma.
Edição: Juliana Andrade

domingo, 6 de março de 2016

Energia solar crescendo no Brasil



Nova usina solar flutuante no AM deve atender 9,5 mil famílias até 2017
Projeto foi lançado no interior do estado e será executado em hidrelétrica.
Ministério de Minas e Energia espera reduzir tarifa com geração híbrida.
Ive RyloDo G1 AM





 Com investimentos de R$ 55 milhões, a previsão é que até 2017 a usina seja concluída fornecendo para a rede 5 megawatts (Foto: Ive Rylo / G1 AM)


Uma usina solar flutuante será construída até 2017 no lago da hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo, a 107 km de Manaus. O lançamento do projeto, que prevê atender quase dez mil famílias, foi realizado na manhã de sexta-feira (4). De acordo com o Ministério de Minas e Energia,a  ideia é investir na geração híbrida de energia em busca de maior eficiência energética e redução das tarifas para os consumidores.

Segundo a Eletrobras, esta será a primeira usina solar flutuante do mundo. O sistema é utilizado em vários países, mas será implantado pela primeira vez dentro de uma hidrelétrica.

A tecnologia já começou a ser implantada em Balbina - que fornece energia ao município de Presidente Figueiredo, a Manaus, e está conectada ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) - a fim de utilizar  a infraestrutura ociosa da subestação de energia e rede de transmissão, nos períodos de estiagem, bem como compensar as perdas energéticas. Em condições normais, Balbina atende até 15% da necessidade energética da capital, contudo, com a forte seca do rio Uatumã, está suprindo apenas 5%, atualmente.
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 Com investimentos de aproximadamente R$ 55 milhões, a previsão é que até o primeiro semestre de 2017, a usina seja concluída fornecendo para a rede 5 megawatts, o que corresponde ao abastecimento de 9.500 famílias. A primeira etapa do projeto deve ficar pronta em agosto de 2015, quando será construído o primeiro hectare, o que corresponde a um campo de futebol, que irá gerar 01 (um) megawatt.

Ao todo, no país, o projeto vai custar aproximadamente RS 112 milhões, com a construção da usina solar no Amazonas e outra na Bahia, na hidrelétrica de Sobradinho.

De acordo com o diretor da Sunlution, a segurança energética e a redução dos custos da tarifa são os principais benefícios que a população deve sentir com o adoção do sistema de geração de energia solar. "Normalmente a substituição da água, quando não tiver (em períodos de estiagem), é feita por óleo ou por diesel, e é muito oneroso, fora que é poluente. A redução pode vir de várias formas, não tenho um cálculo efetivo de qual percentual, mas essa geração de energia vai reduzir", disse Orestes Gonçalves.

De acordo com o presidente da Eletrobras, José da Costa, a redução dos custos com a geração de energia solar, comparada a termoelétrica, deve impactar diretamente o bolso do consumidor. "Ainda é difícil avaliar em quanto pode ficar a redução, mas de qualquer maneira, a gente sabe que pode ter uma redução substancial. Hoje, a participação da solar na matriz energética brasileira é muito pequena, mas a gente julga que nos próximos anos ela vai subir e pode chegar a até 10% ou mais. Cada vez mais estes painéis estão reduzindo [preço], então a energia solar vai ficar muito barata e então esta economia vai ser repassada para as tarifas que beneficiam o consumidor brasileiro", afirmou o presidente.

 Usina solar flutuante será construída no lago da hidrelétrica de Balbina (Foto: Ive Rylo / G1 AM)

Após a finalização do sistema em 2017 -  em que os 5 megawatts irão abastecer 9.500 famílias - a ideia é ampliar o investimento e aproveitar as condições favoráveis do Lago. Com isto, dependendo dos resultados obtidos, a ideia é saltar de 5 megawatts para 300 megawatts, abastecendo 540 mil famílias.

Os recursos utilizados no projeto são oriundos de fundos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O projeto é fruto de um edital lançado pelo Ministério de Minas e Energia, vencido pela empresa Sunlution que irá fornecer flutuadores com placas fotovoltaicas e estudos sobre a geração híbrida de energia.

Tecnologia

Para o lançamento do projeto, foram instalados 16 paineis fotovoltaveis sobre o lago, o que corresponde a 65 metros quadrados. O sistema piloto já começou a produzir aproximadamente 4 quilowatts. Ao final da implantação do projeto, serão instaladas 20 mil placas fotovoltaicas que irão produzir 5 megawatts.

De acordo com Gonçalves, a geração solar flutuante é uma inovação com tecnologia francesa, alocada pela primeira vez no mundo em uma hidrelétrica. "Nosso grande objetivo é trabalhar com geração híbrida, tendo duas fontes em uma única infraestrutura. O que vai baratear a conta do consumidor final e dar maior segurança energética", disse.

Ele explicou que para a produção elétrica com esta nova tecnologia, são utilizadas placas fotovoltaicas que captam a radiação solar. "A placa tem um cilício, que, por movimento, produz energia que é transferida por cabos até o eletrocentro, duas caixas vermelhas. Estas caixas transformam energia de corrente contínua para corrente alternada, para entrar para o Sistema Nacional, que é a subestação da usina e dela vai para as residências", explicou.

O custo da geração de energia solar em usina flutuante fica próximo de RS 6,5 milhões por megawatts instalados. Preço similar ao da geração solar em terra, explicou o diretor. "A gente considera que após um tempo de produção, vamos ser mais competitivos que a geração solar em terra", observou o diretor Orestes Gonçalves.

 Ministro Eduardo Braga afirma que proposta é investir na geração híbrida de energia em busca de maior eficiência e redução das tarifas para os consumidores (Foto: Ive Rylo / G1 AM)

Estratégia

A ideia de inserir a usina flutuante no lago da hidrelétrica de Balbina é uma e estratégia para reduzir custos, uma vez que serão utilizadas estruturas da subestação.  "Isto aqui é muito importante, porque você já tem o aproveitamento hidrelétrico. Você já tem o lago para colocar as placas, a subestação do outro lado e a linha de transmissão. Então muitas vezes neste lago, como neste período,  a água está baixa e a usina que tem condições de gerar 260 megawatts, está gerando só 50 megawatts. Então, a instalação não está sendo completamente utilizada. Se  tiver essa complementação solar, você deixa de usar geração térmica, mais cara. Isso vai fazer com que baratear para o consumidor final", disse o presidente da Eletrobrás, José da Costa.

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, apontou as vantagens da geração híbrida utilizando a infraestrutura ociosa dos reservatórios. "Aqui em Balbina é um caso bastante típico, em que temos uma subestação de 300 MVA, que poderia estar transmitido algo como 250 megawatts, hoje usa 50 megawatts e que vamos poder suplementar com energia solar e com custo muito reduzido. Fazendo com que tenhamos eficiência energética, gestão energética, melhor gestão hídrica dentro dos reservatórios e ao mesmo tempo baratear energia, para que tarifa seja mais barata em nosso país", disse.

O ministro apontou também que além de Camaçari na Bahia, as placas flutuantes também devem ser fabricadas no Polo Industrial de Manaus.
 
 Hidrelétrica de Balbina gera parte da energia consumida em Manaus, abastece a cidade de Presidente Figueiredo e está interligada ao ONS (Foto: Ive Rylo / G1 AM)