Nova
usina solar flutuante no AM deve atender 9,5 mil famílias até 2017
Projeto foi lançado no interior
do estado e será executado em hidrelétrica.
Ministério de Minas e Energia espera reduzir tarifa com geração híbrida.
Ive RyloDo G1 AM
Com investimentos de R$ 55
milhões, a previsão é que até 2017 a usina seja concluída fornecendo para a
rede 5 megawatts (Foto: Ive Rylo / G1 AM)
Uma usina solar flutuante será
construída até 2017 no lago da hidrelétrica de Balbina, no município de
Presidente Figueiredo, a 107 km de Manaus. O lançamento do projeto, que prevê
atender quase dez mil famílias, foi realizado na manhã de sexta-feira (4). De
acordo com o Ministério de Minas e Energia,a ideia é investir na geração
híbrida de energia em busca de maior eficiência energética e redução das
tarifas para os consumidores.
Segundo a Eletrobras, esta será a primeira usina solar flutuante do mundo. O
sistema é utilizado em vários países, mas será implantado pela primeira vez
dentro de uma hidrelétrica.
A tecnologia já começou a ser
implantada em Balbina - que fornece energia ao município de Presidente
Figueiredo, a Manaus, e está conectada ao Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS) - a fim de utilizar a infraestrutura ociosa da subestação de energia
e rede de transmissão, nos períodos de estiagem, bem como compensar as perdas
energéticas. Em condições normais, Balbina atende até 15% da necessidade
energética da capital, contudo, com a forte seca do rio Uatumã, está suprindo
apenas 5%, atualmente.
saiba mais
Com investimentos de
aproximadamente R$ 55 milhões, a previsão é que até o primeiro semestre de 2017,
a usina seja concluída fornecendo para a rede 5 megawatts, o que corresponde ao
abastecimento de 9.500 famílias. A primeira etapa do projeto deve ficar pronta
em agosto de 2015, quando será construído o primeiro hectare, o que corresponde
a um campo de futebol, que irá gerar 01 (um) megawatt.
Ao todo, no país, o projeto vai custar aproximadamente RS 112 milhões, com a
construção da usina solar no Amazonas e outra na Bahia, na hidrelétrica de
Sobradinho.
De acordo com o diretor da Sunlution, a segurança energética e a redução dos
custos da tarifa são os principais benefícios que a população deve sentir com o
adoção do sistema de geração de energia solar. "Normalmente a substituição
da água, quando não tiver (em períodos de estiagem), é feita por óleo ou por
diesel, e é muito oneroso, fora que é poluente. A redução pode vir de várias
formas, não tenho um cálculo efetivo de qual percentual, mas essa geração de
energia vai reduzir", disse Orestes Gonçalves.
De acordo com o presidente da Eletrobras, José da Costa, a redução dos custos
com a geração de energia solar, comparada a termoelétrica, deve impactar
diretamente o bolso do consumidor. "Ainda é difícil avaliar em quanto pode
ficar a redução, mas de qualquer maneira, a gente sabe que pode ter uma redução
substancial. Hoje, a participação da solar na matriz energética brasileira é
muito pequena, mas a gente julga que nos próximos anos ela vai subir e pode
chegar a até 10% ou mais. Cada vez mais estes painéis estão reduzindo [preço],
então a energia solar vai ficar muito barata e então esta economia vai ser
repassada para as tarifas que beneficiam o consumidor brasileiro", afirmou
o presidente.
Usina solar flutuante será
construída no lago da hidrelétrica de Balbina (Foto: Ive Rylo / G1 AM)
Após a finalização do sistema em
2017 - em que os 5 megawatts irão abastecer 9.500 famílias - a ideia é
ampliar o investimento e aproveitar as condições favoráveis do Lago. Com isto,
dependendo dos resultados obtidos, a ideia é saltar de 5 megawatts para 300
megawatts, abastecendo 540 mil famílias.
Os recursos utilizados no projeto são oriundos de fundos de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O
projeto é fruto de um edital lançado pelo Ministério de Minas e Energia,
vencido pela empresa Sunlution que irá fornecer flutuadores com placas
fotovoltaicas e estudos sobre a geração híbrida de energia.
Tecnologia
Para o lançamento do projeto, foram instalados 16 paineis fotovoltaveis
sobre o lago, o que corresponde a 65 metros quadrados. O sistema piloto já
começou a produzir aproximadamente 4 quilowatts. Ao final da implantação do
projeto, serão instaladas 20 mil placas fotovoltaicas que irão produzir 5
megawatts.
De acordo com Gonçalves, a geração solar flutuante é uma inovação com tecnologia
francesa, alocada pela primeira vez no mundo em uma hidrelétrica. "Nosso
grande objetivo é trabalhar com geração híbrida, tendo duas fontes em uma única
infraestrutura. O que vai baratear a conta do consumidor final e dar maior
segurança energética", disse.
Ele explicou que para a produção
elétrica com esta nova tecnologia, são utilizadas placas fotovoltaicas que
captam a radiação solar. "A placa tem um cilício, que, por movimento,
produz energia que é transferida por cabos até o eletrocentro, duas caixas
vermelhas. Estas caixas transformam energia de corrente contínua para corrente
alternada, para entrar para o Sistema Nacional, que é a subestação da usina e
dela vai para as residências", explicou.
O custo da geração de energia solar em usina flutuante fica próximo de RS 6,5
milhões por megawatts instalados. Preço similar ao da geração solar em terra,
explicou o diretor. "A gente considera que após um tempo de produção,
vamos ser mais competitivos que a geração solar em terra", observou o
diretor Orestes Gonçalves.
Ministro Eduardo Braga afirma que
proposta é investir na geração híbrida de energia em busca de maior eficiência
e redução das tarifas para os consumidores (Foto: Ive Rylo / G1 AM)
Estratégia
A ideia de inserir a usina
flutuante no lago da hidrelétrica de Balbina é uma e estratégia para reduzir
custos, uma vez que serão utilizadas estruturas da subestação. "Isto
aqui é muito importante, porque você já tem o aproveitamento hidrelétrico. Você
já tem o lago para colocar as placas, a subestação do outro lado e a linha de
transmissão. Então muitas vezes neste lago, como neste período, a água
está baixa e a usina que tem condições de gerar 260 megawatts, está gerando só
50 megawatts. Então, a instalação não está sendo completamente utilizada.
Se tiver essa complementação solar, você deixa de usar geração térmica,
mais cara. Isso vai fazer com que baratear para o consumidor final", disse
o presidente da Eletrobrás, José da Costa.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, apontou as vantagens da geração
híbrida utilizando a infraestrutura ociosa dos reservatórios. "Aqui em
Balbina é um caso bastante típico, em que temos uma subestação de 300 MVA, que
poderia estar transmitido algo como 250 megawatts, hoje usa 50 megawatts e que
vamos poder suplementar com energia solar e com custo muito reduzido. Fazendo
com que tenhamos eficiência energética, gestão energética, melhor gestão
hídrica dentro dos reservatórios e ao mesmo tempo baratear energia, para que
tarifa seja mais barata em nosso país", disse.
O ministro apontou também que além de Camaçari na Bahia, as placas flutuantes
também devem ser fabricadas no Polo Industrial de Manaus.
Hidrelétrica de Balbina gera
parte da energia consumida em Manaus, abastece a cidade de Presidente Figueiredo
e está interligada ao ONS (Foto: Ive Rylo / G1 AM)