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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Comida natural e saborosa



Projeto no Amazonas quer difundir o tucupi em todo o país
  • 25/02/2016 14h24
  • Manaus
Bianca Paiva - Correspondente da Agência Brasil





 Tucupi embalado em saco plástico, pronto para distribuiçãoLana Santos/Fapeam


Um ingrediente muito presente na culinária amazônica e indígena, o tucupi, poderá chegar à mesa dos consumidores de uma forma diferente. Pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifam), no Amazonas, trabalham no projeto Tucupi de Prateleira. A finalidade é enaltecer o produto regional, promover o envasamento dentro dos padrões dos órgãos de segurança alimentar e ainda aumentar a produtividade. A iniciativa é desenvolvida em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

O tucupi é uma espécie de molho feito a partir da extração do sumo da mandioca brava. Também conhecida como macaxeira ou aipim, a mandioca é descascada, ralada e prensada. A parte sólida é usada na produção de farinha, e o líquido de cor amarela é fervido por várias horas para extrair o veneno presente na planta. Depois desse processo, o tucupi já pode ser consumido e compor algum prato, como o pato no tucupi, típico da região.

Atualmente o produto é vendido em garrafas PET reaproveitadas. Segundo a estudante de tecnologia em processos químicos do Ifam e responsável pela pesquisa, Suane Costa, os produtores vendem o tucupi para os comerciantes que fazem o processo de tempero e embalagem. Com o projeto, o tucupi será comercializado em uma embalagem tipo saco plástico, com rótulo e especificações técnicas do produto.

“Hoje o tucupi, na forma como ele é comercializado, tem prazo de validade médio de 15 dias. Com a técnica que vamos aplicar, esse prazo sobe para três a seis meses. Não vamos interferir totalmente na cadeia, mas, vamos padronizar [o processo de extração] com a máquina prensa que está sendo desenvolvida que será disponibilizada ao produtor em sistema de Comodata [empréstimo gratuito]”, explicou Suane. A expectativa é que o tucupi em nova embalagem já esteja disponível no mercado amazonense até dezembro deste ano.

Prensa

De acordo com o coordenador de Culturas Industriais da Secretaria de Produção Rural do estado (Sepror), Alexandre Araújo, essa máquina de prensa, que vai ser emprestada aos produtores, vai substituir o tradicional tipiti (tecido em que se espreme a mandioca). Com isso, haverá maior aproveitamento da matéria-prima. “Vai também incentivar que os produtores passem a trabalhar mais com o próprio tucupi. O que acontece hoje é que o maior produto trabalhado como derivado da mandioca é a farinha, depois a goma. O tucupi geralmente é jogado fora sem cuidados ao meio ambiente. No momento em que você valoriza esse produto, ele passará a ser mais produzido e mais comercializado.”

O novo processo deve diminuir o custo de produção e, consequentemente, o tucupi deverá ser repassado aos comerciantes com um valor mais baixo.

 Jorge do Tucupi vende o produto em garrafas PET há mais de 30 anosErico Xavier/Fapeam

Seu Jorge do Tucupi, como prefere ser chamado, trabalha com o produto há mais de 30 anos e demonstra interesse em comercializá-lo na nova embalagem. “Se vier assim, embalado e com preço menor, talvez seja melhor. Talvez a gente tenha menos despesa. Tem muita despesa para levar, trazer, comprar embalagem, rótulo”, disse o comerciante.
Lidiane Gomes vende tucupi há dois anos na Feira Manaus Moderna. Ela considera vantajosa a industrialização. “Fica bem higiênico, mais bem conservado. Pelo menos do ponto de vista da gente que trabalha com a venda, ficaria ótimo”, avalia a vendedora.

Exportação

A pesquisadora acredita que, com um prazo maior de validade, o tucupi possa ser exportado para outros estados, como o Pará, que é um grande consumidor. Segundo ela, um manual de boas práticas do processo produtivo será elaborado em parceria com os produtores de farinha e tucupi, levando em consideração a realidade local.

“O projeto está em fase de implantação da empresa que vai gerenciar todo o processo. Estamos captando recursos e também, em paralelo, estamos ainda em processo de mapeamento dos produtores, confecção de manuais, visita a fornecedores e pretensos fornecedores”, explicou Suane.

Edição: Talita Cavalcante

domingo, 21 de fevereiro de 2016

De volta a natureza



Peixes-boi serão devolvidos à natureza no Amazonas
  • Manaus
Bianca Paiva - Correspondente da Agência Brasil






 Peixes-boi são tratados por até cinco anos antes de voltar à naturezaDivulgação Ampa

Quatro peixes-boi que vivem há quatro anos em um semicativeiro monitorado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manacapuru (AM), serão reintroduzidos na natureza no próximo dia 26. São três machos e uma fêmea, com idade entre 7 e 10 anos. Eles serão soltos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piaguçu-Purus, que fica a 70 quilômetros do município de Beruri (AM).

Outros seis peixes-boi, quatro fêmeas e dois machos, serão levados do parque Aquático do Inpa, em Manaus, para esse mesmo semicativeiro. Futuramente eles poderão voltar a nadar nos rios da Amazônia. O trabalho com esses animais é feito em parceria com a Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa). A espécie é endêmica da Amazônia e está ameaçada de extinção.

Segundo o biólogo da Ampa, Diogo Souza, atualmente há 60 animais nos tanques do parque e 11 no semicativeiro. O programa de reintrodução começou em 2009. Na ocasião, quatro peixes-boi foram devolvidos diretamente à natureza, mas sem sucesso. Dois morreram e dois ficaram muito debilitados. Por isso, segundo o biólogo, foi necessária a criação da etapa de semicativeiro, onde eles ficam de dois a três anos.

“A gente percebeu que os animais tiveram muita dificuldade de se adaptar à natureza, porque eles passam boa parte do tempo no cativeiro. Eles chegaram filhotes aqui. Então, a gente criou uma etapa de adaptação gradual à natureza que é levar para um lago de semicativeiro. A gente chama de semicativeiro porque é um lago, um ambiente natural, só que é um lago controlado. É um tanque de piscicultura de 13 hectares para criação de pirarucu e tambaqui. Esse lago tem todas as condições do ambiente natural”, explicou.

De acordo com o biólogo, a maioria dos peixes-boi chega ao Inpa ainda filhote. Muitos são capturados por pescadores acidentalmente. Eles são chamados de “filhotes órfãos”, porque a mãe, provavelmente, foi caçada. Os animais recebem tratamento por cerca de cinco anos até terem condições de ser transferidos para o semicativeiro. Depois é feita a reintrodução definitiva à natureza.

O biólogo acredita que os quatro peixes-boi que serão soltos irão se adaptar bem ao ambiente natural. Um cinto com um transmissor será acoplado nas nadadeiras para que os animais sejam monitorados diariamente.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Não desmatar









As doenças do desmatamento
ED. 238 | DEZEMBRO 2015

 














Índios Baré se banham no rio Cuieiras, no Amazonas: estudo mediu impacto da retirada da vegetação na saúde humana

Políticas para o gerenciamento da malária na Amazônia precisam levar em conta o desmatamento na região, concluiu uma equipe do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que levantou o impacto da devastação da floresta na saúde da população. Uma análise publicada em outubro relacionou dados de desmatamento e estatísticas de doenças em 773 municípios da Amazônia Legal entre 2004 e 2012. Constatou–se que para cada 1% de floresta derrubada por ano viu-se um acréscimo de 23% nos casos de malária. A incidência de leishmaniose também cresceu com o avanço do desmatamento, com um aumento entre 8% e 9% de casos. Não foram registrados impactos da retirada da vegetação sobre doenças como sarampo, diarreia, dengue e males respiratórios. O estudo, feito pelo biólogo Nilo Saccaro Junior e os economistas Lucas Mation e Patrícia Sakowski, não investigou como o desequilíbrio leva ao aumento de algumas doenças e não de outras. Mas sugere que características dos vetores podem explicar a diferença. O mosquito Anopheles, causador da malária, vive mais tempo e viaja distâncias maiores que o Aedes aegypti, que propaga a dengue, e com isso se deslocaria até áreas povoadas após a devastação de seus hábitats. Também é possível que espécies que transmitem a malária de forma mais efetiva, como o Anopheles darlingi, tornem-se mais prevalentes do que espécies mais benignas, dizem os autores.