As
doenças do desmatamento
ED. 238 |
DEZEMBRO 2015
Índios Baré se banham no rio Cuieiras, no Amazonas:
estudo mediu impacto da retirada da vegetação na saúde humana
Políticas para o gerenciamento da
malária na Amazônia precisam levar em conta o desmatamento na região, concluiu
uma equipe do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que levantou o
impacto da devastação da floresta na saúde da população. Uma análise publicada
em outubro relacionou dados de desmatamento e estatísticas de doenças em 773 municípios
da Amazônia Legal entre 2004 e 2012. Constatou–se que para cada 1% de floresta
derrubada por ano viu-se um acréscimo de 23% nos casos de malária. A incidência
de leishmaniose também cresceu com o avanço do desmatamento, com um aumento
entre 8% e 9% de casos. Não foram registrados impactos da retirada da vegetação
sobre doenças como sarampo, diarreia, dengue e males respiratórios. O estudo,
feito pelo biólogo Nilo Saccaro Junior e os economistas Lucas Mation e Patrícia
Sakowski, não investigou como o desequilíbrio leva ao aumento de algumas
doenças e não de outras. Mas sugere que características dos vetores podem
explicar a diferença. O mosquito Anopheles, causador da malária, vive
mais tempo e viaja distâncias maiores que o Aedes aegypti, que propaga a
dengue, e com isso se deslocaria até áreas povoadas após a devastação de seus
hábitats. Também é possível que espécies que transmitem a malária de forma mais
efetiva, como o Anopheles darlingi, tornem-se mais prevalentes do que
espécies mais benignas, dizem os autores.
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