MPF vai
investigar líderes grevistas por “tentar mudar regime” do país
A suspeita é terem desrespeitado artigo da Lei de
Segurança Nacional
Publicado
em 31/05/2018 - 12:12
Por Felipe
Pontes - Repórter da Agência Brasil Brasília
O Ministério Público Federal
(MPF) instaurou diversos procedimentos investigatórios para apurar a violação,
por parte de empresários e lideranças locais dos caminhoneiros, do Artigo 17 da
Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/1983), que prevê pena de até 15 anos de
prisão para quem “tentar mudar, com emprego de violência ou grave ameaça, a
ordem, o regime vigente ou o Estado de Direito”.
Serão apurados também crimes como
sabotagem e incitação “à subversão da ordem política ou social” e “à
animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais e
instituições civis”, previstos respectivamente nos Artigos 15 e 23 da
lei e cujas penas, somadas, podem chegar a 14 anos de reclusão.
As ordens para os procedimentos
investigatórios foram enviadas ontem (30) pela Câmara Criminal do MPF a quatro
estados - São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – onde foram
registrados atos e declarações em que indivíduos insuflam manifestantes a
pedirem uma intervenção militar no país.
Nos despachos, aos quais a Agência
Brasil teve acesso, são descritas condutas de empresários, líderes de
caminhoneiros e de pessoas sem nenhuma ligação com a paralisação, mas que
tentam se aproveitar do movimento grevista para promover o movimento
da intervenção militar.
Entre as pessoas citadas estão
desde um empresário varejista da Região Sul que autorizou o incêndio de
caminhões próprios para insuflar protestos até um sargento da reserva que
circula, em grupos de WhatsApp de manifestantes, com vídeos incentivando
um golpe militar. Alguns indivíduos são ligados a partidos políticos.
Inquérito
O MPF do Espírito Santo também
solicitou à Polícia Federal (PF) que instaure inquérito para apurar a prática
dos mesmos crimes nos estados, pois “após concessões feitas pelo governo
federal, o movimento não se dissipou, desviando o foco com a intenção de forçar
a mudança no regime político: de democracia representativa para ditadura
militar, regime autocrático”, informou a Procuradoria da República capixaba.
Além desses casos, o MPF
determinou que procuradores locais investiguem outros crimes federais previstos
no Código Penal, como paralisar trabalho de interesse coletivo
(Artigo 201), atentar contra segurança e funcionamento de serviços de
utilidade pública como água e luz (Artigo 265) e desobedecer a ordem legal
de funcionário público (Artigo 330). A PF já instaurou 48 inquéritos
policiais para apurar esses tipos de delito.
Ontem (30), em referência às
manifestações a favor de uma intervenção militar, a presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, fez uma defesa do Estado
Democrático de Direito, afirmando que, para resolver problemas sociais, “a
democracia é o único caminho legítimo”.
Saiba mais
- PF faz operação para reprimir atuação de empresários em greve
- “Democracia é o único caminho”, afirma Cármen Lúcia sobre crise
Edição: Carolina
Pimentel
Nenhum comentário:
Postar um comentário