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domingo, 27 de dezembro de 2015

Jovens audazes

Jovens protagonizaram debate sobre ensino em SP em 2015, diz especialista
  • 27/12/2015 16h37
  • São Paulo
Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil







O protagonismo dos estudantes secundaristas no debate sobre mudanças no ensino no estado de São Paulo marcou 2015. Para Ocimar Munhoz, especialista em sistemas educacionais e professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), a participação do movimento estudantil proporcionou um salto no debate sobre a reorganização escolar.

“Os estudantes entraram em cena e isso mudou, porque deu visibilidade à questão. Expôs limitações profundas dessa proposta do governo do estado”, disse o docente. “Foi uma tentativa, na verdade, de fazer valer outros interesses como racionalização de custos e a municipalização do que, propriamente, a melhoria da qualidade.”

A proposta de reorganização escolar, do governo estadual, previa o fechamento de 94 escolas e a transferência de 311 mil alunos para instituições de ensino na região onde moram. A reorganização separaria em ciclos alunos com idades entre 6 e 10 anos, adolescentes de 11 a 14 anos e jovens entre 15 e 17 anos. Estudantes, então, ocuparam escolas para mostrar a insatisfação com a proposta. 

Segundo Munhoz, o projeto passou a ser debatido na mídia após as ocupações das escolas. Apesar de ampliar as discussões, faltou iniciativa do governo estadual, na avaliação do professor. “Tinha que haver um debate, mas não só pela imprensa. Isso não consolidou, de fato, o debate”, disse.

Histórico das ocupações
A primeira ocupação, no dia 9 de novembro, foi a da Escola Estadual Diadema, na grande São Paulo. O movimento cresceu gradativamente e, cerca de um mês depois, no auge, aproximadamente 200 escolas foram ocupadas. Os alunos também foram às ruas protestar, sendo, diversas vezes, duramente reprimidos pela Polícia Militar.

Os estudantes argumentavam que a comunidade escolar não foi ouvida sobre as mudanças. Outra crítica é que as alterações e transferências, se colocadas em prática, causariam a ruptura da relação que os alunos desenvolveram com colegas e prejudicariam a logística dos pais, que muitas vezes pedem aos filhos mais velhos para levar os irmãos mais novos para a escola. O governo estadual disse que houve queda de 1,3% ao ano da população em idade escolar no estado. Desde 1998, a rede estadual perdeu 2 milhões de alunos. Segundo o governo, com a divisão por ciclo, as escolas estariam mais preparadas para as necessidades de cada etapa de ensino. “Entre diversos estudos que foram utilizados para a proposta da reorganização, está o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), que mostrou que unidades que atendem alunos de apenas uma faixa etária têm desempenho melhor”, informou o governo, em nota.

No período das ocupações, os jovens criaram uma rotina de atividades com o intuito de garantir a conservação das escolas, como mostrou a Agência Brasil. Os grupos se dividiam entre os responsáveis pela limpeza, alimentação e até demandas da imprensa. A comunidade colaborou com doações de alimentos, remédios e produtos de limpeza.

Dormitório improvisado em sala de aula na ocupação da Escola Estadual Caetano de Campos. Os alunos protestam contra a reorganização escolar proposta pelo estado Rovena Rosa/Agência Brasil

Na Escola Brigadeiro Gavião Peixoto, uma das maiores do estado, na região de Perus, com cerca de 4 mil matriculados, os alunos promoveram aulas voluntárias. Juliana de Oliveira, de 16 anos, estudante do segundo ano do Ensino Médio, conta que docentes de escolas públicas e particulares se dispuseram a auxiliar na programação das aulas. “A gente teve aula de história, uma professora veio aqui e deu aula especial sobre o que está acontecendo na Palestina, é algo bem legal. A gente não está desocupado. Estamos tendo aulas, palestras e estamos ganhando mais conhecimento do que antes, porque era comum faltar professor”, disse.

O governo estadual tentou obter na Justiça a reintegração de posse das unidades ocupadas. No dia 23 de novembro, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) negou, por unanimidade, o pedido.

No dia 4 de dezembro, o governador Geraldo Alckmin recuou e revogou o decreto que instituía a reorganização escolar em todo o estado. Com a decisão, o secretário de Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, deixou o cargo.

Debate em 2016
Para a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a iniciativa dos alunos estimulou o debate. “Essas ocupações provocaram os alunos de tal forma que eles vão dizer: eu não quero mais sentar em frente à lousa. Eu vou querer sentar no chão, vou querer outro tipo de aula, e isso vai requerer nova dinâmica para organizar o tempo, o espaço escolar. Estamos falando da necessidade de ter biblioteca, de ter laboratório, para que os alunos sintam que são convidados a ir e a ficar na escola”.

A Secretaria da Educação do Estado prometeu um debate mais aprofundado em 2016 sobre a reorganização escolar. De acordo com a assessoria de imprensa, a metodologia desse debate ainda não foi definida. Para Ocimar Munhoz, as discussões precisam ser mais amplas que as feitas anteriormente à decisão da reorganização.

“Essa reorganização foi uma medida sem um projeto, esse é um primeiro elemento que tenho destacado. Uma medida que afeta milhares de estudantes, professores, pais, tinha que ter uma fundamentação”, declarou o especialista. A secretaria informou, por sua vez, que houve diálogo com a comunidade. As audiências ocorreram em setembro e cada umas das 91 diretorias de ensino definiu um método diferente para essas reuniões.
Ocimar Munhoz defende que, em 2016, o governo dedique também atenção especial ao Plano Estadual da Educação, contemplando a carreira dos docentes e as condições das escolas. “A melhoria da qualidade da escola passa por um conjunto de fatores. Em São Paulo, tem a valorização da carreira dos professores, que hoje é precária”, disse.

Estudantes da rede pública de ensino fizeram passeatas pedindo melhorias na educação e a participação da comunidade na gestão do ensinoRovena Rosa/Agência Brasil


domingo, 20 de dezembro de 2015

Democratizar a jogatina

Senado aprova proposta que regulariza cassino, bingos e jogos de azar no país

18 de dezembro de 2015

Proposta prevê aumento na arrecadação. (Creative Commons)

A Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional (CEDN) aprovou na última quarta-feira (16), durante turno suplementar, projeto que regulariza a exploração de cassinos, bingos e demais jogos de azar no país. 
O projeto de lei do Senado (PLS) 186/2014 autoriza o funcionamento de bingos, cassinos, legaliza jogos eletrônicos e caça-níqueis e também o jogo do bicho. A proposta segue para a Câmara.
Presidente do Senado, Renan Calheiros defendeu a pauta aos líderes partidários pois o governo vê na medida um incentivo à arrecadação. O autor do projeto, senador Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou que “é no mínimo incoerente dar um tratamento diferenciado para o jogo do bicho e, ao mesmo tempo, permitir e regulamentar as modalidades de loteria federal hoje existentes”. 
“O país está enfrentando uma situação que vinha sendo colocada debaixo do tapete. A gente não poderia continuar fingindo que não existe o jogo clandestino, sem que a sociedade tenha o menor benefício quanto a isso”, disse Nogueira.  
Por outro lado, a aprovação não foi unânime. Semana passada, Cristovam Buarque disse ser contrário à medida justificando que ela “concentra renda” por atrair o dinheiro de muitos em favor de poucos ganhadores. Para o senador do PDT-DF, a legalização poderia influenciar outras práticas ainda ilícitas, como o tráfico de drogas e a prostituição.
Para acessar a ementa do projeto de lei no site do Senado, clique aqui.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Obras públicas superfaturadas, é geral

MPF do Tocantins pede devolução de R$ 14 milhões superfaturados em obra de ponte
Ação civil pública foi movida contra o Consórcio CMT-Egesa, o Dertins e o inistério da Integração Nacional
Kelly Amorim, do Portal PINIweb















O Ministério Público Federal no Tocantins (MPF-TO) abriu nesta semana ação civil pública contra as empresas CMT Engenharia e Egesa Engenharia, que formam o Consórcio CMT-Egesa, e servidores do Departamento de Estradas e Rodagens do Tocantins (Dertins) e do Ministério da Integração Nacional (MI) por improbidade administrativa e superfaturamento nas obras de construção da ponte sobre o Rio Tocantins entre Lajeado e Miracema do Tocantins.

Investigações da Polícia Federal (PF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) identificaram que, dos R$ 104.855 milhões pagos pela obra executada entre dezembro de 2009 e novembro de 2011, R$ 14 milhões foram destinados a serviços superfaturados.

Além do superfaturamento, os órgãos investigam a relação entre os funcionários do Dertins e sócios das duas empresas por suspeita de pagamento de propina para garantir os interesses do consórcio em relação ao projeto da ponte em detrimento do interesse público.

O MP-TO pede à Justiça, além da condenação dos envolvidos por improbidade administrativa, o ressarcimento ao Ministério da Integração Nacional dos valores pagos a mais pela obra. Para garantir a devolução do dinheiro, a ação requer a indisponibilidade dos bens móveis e imóveis dos acusados, inclusive de dinheiro e ativos financeiros de contas bancárias.

Procurado, o consórcio informou que não irá se pronunciar sobre o assunto.